Trincadeira: A alma quente e perfumada do Alentejo
- Casa de Sabicos
- 14 de out.
- 3 min de leitura
Poucas castas portuguesas carregam tanta personalidade como a Trincadeira.
Caprichosa na vinha, mas generosa no copo, esta casta tinta é uma presença discreta, mas essencial na história dos vinhos portugueses. Conhecida a norte como Tinta Amarela, tem tantos nomes quantos os terroirs por onde passou — mas foi no Alentejo que encontrou o palco ideal para brilhar.

A sua história remonta ao início do século XVII, com registos antigos que a colocam nas vinhas do Douro, do Ribatejo e do próprio Alentejo. Não se sabe ao certo qual a sua origem, mas os estudos da PORVID sugerem uma forte variabilidade genética nas regiões atlânticas, o que pode indicar uma antiguidade ainda maior. Apesar disso, a Trincadeira gosta mesmo é de calor, sol e secura — condições que encontra nas planícies alentejanas.
Com o tempo, a sua área de plantação foi diminuindo, em parte pela sua natureza exigente e vulnerabilidade a doenças como o míldio e a podridão, consequência dos seus cachos compactos e da película fina. Mas nos últimos anos, voltou a merecer atenção. Num cenário de aquecimento global, a Trincadeira revela-se uma aliada valiosa: adapta-se bem ao stress hídrico, gosta de muita luz e, quando bem conduzida, dá vinhos vibrantes, frescos e cheios de carácter.
O desafio da vinha, a recompensa no copo
Trabalhar com Trincadeira não é fácil. A produção pode ser exageradamente alta nos primeiros anos e depois tornar-se irregular. Mas quem conhece bem a casta sabe que o segredo está no equilíbrio — um bom controlo do rendimento, vindima no momento certo e atenção redobrada ao estado sanitário da uva.
Quando tudo corre bem, o resultado é extraordinário: vinhos com boa acidez, taninos suaves mas presentes e um perfil aromático irresistível. Fruta preta (ameixa, amora), notas florais, sugestões de ervas secas e um lado especiado — com toques de cravo, pimenta e canela — fazem da Trincadeira uma casta com personalidade gastronómica e grande capacidade de guarda.
É frequente encontrá-la em lotes, sobretudo no Alentejo, onde complementa na perfeição castas como o Aragonez e a Alicante Bouschet, mas também dá origem a vinhos varietais notáveis, cheios de identidade.
Trincadeira com assinatura Casa de Sabicos
Na Casa de Sabicos, a Trincadeira é muito mais do que uma casta: é um dos pilares da nossa forma de entender o vinho. Surge em diversos rótulos, sempre com um papel de destaque.
Encontra-a na Casa de Sabicos Reserva Tinto 2020, onde contracena com Aragonez, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon, num tinto de grande estrutura e elegância. Também está presente na Casa de Sabicos Tinto 2021 uma versão mais jovem, mas igualmente fiel à frescura da casta. No Aragonez & Trincadeira 2021, propomos um vinho descomplicado, direto, onde o perfil varietal se mostra sem madeira, tal como é. E no Sabicos Tinto 2022, um blend que inclui Syrah, a Trincadeira volta a brilhar no equilíbrio e no perfume.
Para quem aprecia vinhos de guarda, o Avó Sabica Tinto 2013 é um testemunho vivo da longevidade e elegância que a Trincadeira pode oferecer. E no Foral de Montoito Tinto, ela aparece novamente com Touriga Nacional e outras castas nobres, numa interpretação clássica e gastronómica.
Cada vinho é um convite para conhecer diferentes facetas da Trincadeira — ora mais fresca e floral, ora mais madura e balsâmica —, mas sempre fiel ao terroir e à filosofia da Casa de Sabicos.
Descubra todos estes vinhos com Trincadeira na nossa loja online e receba-os em casa com envio rápido e seguro.
À mesa com Trincadeira
Se há casta que pede companhia à mesa, é esta. A acidez viva e os taninos finos fazem dela um par ideal para pratos com alguma gordura, intensidade ou especiarias.
Combina lindamente com pratos da cozinha tradicional alentejana, como migas com carne de porco, ensopado de borrego ou açorda de bacalhau. Também acompanha bem carnes grelhadas, enchidos, arrozes de forno e até alguns pratos de inspiração mediterrânica, com alecrim, tomilho ou paprika. Queijos curados de intensidade média também são uma excelente companhia. Só se deve evitar picantes demasiado intensos, que podem apagar a elegância do vinho.
Em suma, a Trincadeira é uma casta com carácter, história e um futuro promissor. No Alentejo — e particularmente na Casa de Sabicos — ela continua a surpreender pela frescura, complexidade e enorme versatilidade. Se ainda não a conhece bem, está mais do que na altura de descobrir esta joia do património vínico português. Uma casta antiga que, safra após safra, continua a dar novas razões para brindarmos à sua autenticidade.
Comentários